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Mushin (Não pensar em nada - Mente Vazia)

Mu (vazia) shin (mente)

"Não se pensa em nada de definido, quando nada se projeta, aspira, deseja ou espera, e que não se aponta em nenhuma direção determinada e, não obstante, pela plenitude da sua energia, se sabe que é capaz do possível e do impssível...esse estado, fundamentelmente livre de intenção e do eu, é o que o Mestre chama de espiritual."

Herrigel - A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen.

Sabedoria Chinesa

Quando um arqueiro atira sem alvo nem mira, está na originalidade de sua realização de atirador.

Quando atira para ganhar, instala-se em sua realidade uma cisão entre atirar e ganhar. E já fica nervoso.

Quando atira por um prêmio, fica cego.
Pela cisão vê ao mesmo tempo dois alvos.
Sua realidade é a mesma, mas as divisões o cindem.
Ele se pre-ocupa mais em ganhar do que atirar.
Vê mais o prêmio do que o alvo.

A necessidade de vencer lhe esgota a força de identidade!


Chuang-tzu - "Mestre Zhuang"
Filósofo taoísta chinês (369 a.c. / 286 a.c.)

13 julho 2008

Visada


Para se lançar um projétil contra um determinado alvo, independente do tipo de equipamento (arma) que se utilize, a técnica é simples: orientar o equipamento (arma) para o alvo e acionar o “gatilho” sem alterar essa orientação.

Para realizar essa tarefa com maior precisão, criou-se o “aparelho de pontaria”, que no nosso caso é composto da alça de mira e da massa de mira.

Alinhar a figura alça e massa, ou seja, montar a figura de visada é muito simples, porém mantê-la alinhada enquanto se aciona o gatilho é uma tarefa mais difícil, e é imprescindível para atingirmos nosso objetivo principal: agrupar os impactos no centro do alvo.

Cabe lembrar, que é essencial que a sua empunhadura física esteja pronta, possibilitando o alinhamento fácil e natural da figura alça/massa (ver artigo sobre empunhadura).

Também é pré-requisito ter desenvolvido a capacidade de sustentar a arma, na altura (posição) de disparo, pelo período necessário à execução do processo. Essa capacidade é obtida através da melhora do preparo físico (geral e especial) e da execução do exercício de posição interior (ver artigo sobre posição).

Portanto, alinhar e principalmente manter da figura de visada, só é possível após o atleta ter adquirido a capacidade de posicionar e manter, o conjunto atirador/arma alinhado com o alvo. Como vimos anteriormente, isso irá requerer: posição exterior correta, posição interior desenvolvida e empunhadura física acertada.


Antes de prosseguir, vamos relembrar alguns conceitos sobre a visada:

Linha de Visada é a linha reta que liga: o olho do atirador, a alça, a massa e o alvo.
A figura alça/massa deve ser montada posicionando a massa no centro do entalhe da alça (mantendo a mesma quantidade de luz de cada lado da massa) e o topo da massa na mesma linha horizontal (altura) das bordas superiores horizontais da alça.
Zona de Visada é a área (imaginária) branca circular abaixo da zona preta do alvo de precisão, local onde posicionamos a figura alça/massa. O fundo branco facilita o alinhamento, já que tanto a alça quanto a massa são pretas.
Como o nosso aparelho ótico não consegue focar objetos em distâncias diferentes, apenas um dos três objetos deve ser escolhido para ser focado. No caso, a MASSA DE MIRA.
Quem usa lente corretora, deve utilizar óculos de tiro e uma lente que permita ver a massa de mira bem nítida.
A bola preta do alvo só serve para nos indicar a posição da zona de visada, e nunca, em momento algum, devemos focar o alvo.
Manter, durante todo o processo do disparo, a figura da alça/massa alinhada dentro da zona de visada, garante um agrupamento de impactos no alvo proporcional à amplitude do seu arco de movimento, desde que não cometa erros de acionamento.

Visto isso, vou arriscar um palpite: 99 % dos atiradores que estão lendo esse artigo iniciaram atirando em um alvo normal, tiro real, tentando montar a figura de visada com três elementos, alça/massa/alvo, e acionando o gatilho no momento em que os três objetos se alinhavam. Vou arriscar outro palpite: 90 % continuam “tentando” atirar assim.

Essa pequena diferença, do que compõe a figura de visada, “alça/massa” ou “alça/massa/alvo”, determina ter ou não sucesso como atleta do tiro esportivo. Tentar incluir o alvo na figura é o grande erro da maioria dos atiradores.

A razão é simples: ninguém, mesmo o mais treinado dos atiradores, possui um arco de movimento de amplitude zero. Portanto, obter essa figura por um instante é possível, porém, mantê-la durante o tempo necessário para a execução do disparo é impossível. É impossível e desnecessário.

Nossa tarefa, por conseguinte, ficou mais simples: basta manter a figura alça/massa alinhada, dentro da zona de visada, antes, durante e depois do disparo. Conseguindo isso, a amplitude do seu arco de movimento e a qualidade do seu acionamento determina o tamanho do agrupamento dos seus tiros, no alvo.

Vamos analisar então, quais são os requisitos para se cumprir essa tarefa e que exercícios devemos fazer para aprimorar nossa capacidade de realizá-la.

Em primeiro lugar, temos que desenvolver o hábito de eliminar a figura “alvo” da nossa “visada”. Isso é obtido de forma muito simples: usando alvo branco e/ou parede branca para treinar o fundamento “visada”, e sempre com tiro em seco. O tiro real mascara cerca de 40% dos erros do atirador, a maioria ocorrida nos últimos 0,4 segundos que antecedem a saída do projétil pela boca do cano.

Em segundo lugar, temos que acreditar que, mantendo a figura alça/massa alinhada, obter o nosso melhor agrupamento dependerá apenas da amplitude do nosso arco de movimento, desde que o processo ocorra dentro do nosso tempo ideal de disparo. Isso irá requerer uma sincronia perfeita das ações do disparo, ou seja, sincronizar a execução dos fundamentos do processo do disparo.

Em terceiro lugar, entender que a tarefa só termina um “instante” após completado o acionamento, e que durante todo o tempo de execução do processo temos que manter nossa “atitude de disparo”, ou seja, posição, empunhadura e atenção no alinhamento alça/massa. O disparo deve ser sempre uma surpresa para o atirador.

Os exercícios sugeridos são:

1º Exercício: levar a arma para a zona de visada, sem “armar” o mecanismo de disparo, e enquanto o arco de movimento estabiliza e durante mais alguns segundos (+/- 10 seg), apertar e soltar a tecla do gatilho, observando e trabalhando para que essa ação não altere o alinhamento alça/massa. Se a sua empunhadura física e técnica estiverem corretas, e a flexão do dedo indicador estiver sendo feita de forma independente dos demais músculos da mão, a figura de visada permanecerá alinhada durante o exercício.

2º Exercício: tiro em seco no alvo e/ou parede branca, executando o disparo em seco com a atenção dividida entre a execução correta do acionamento (ver artigo sobre o acionamento) e a manutenção do alinhamento da figura alça/massa, dentro da zona de visada (quando em alvo branco).

3º Exercício: idem ao 2º, mas com 100% da atenção na figura alça/massa alinhada dentro da zona de visada (quando em alvo branco). A tarefa é: executar o disparo sem perder em momento algum a atenção no alinhamento da alça/massa e o foco na massa.

Essa seqüência de exercícios deve ser feita após os exercícios de posição (exterior e interior) e de acionamento.
Posteriormente, falaremos um pouco mais sobre esse fundamento, e tentarei responder às dúvidas mais freqüentes sobre o assunto. Se você tem alguma, mande um e-mail para
silvio.aguiar@gmail.com.

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