Hoje me preparei para falar do próximo fundamento: a visada. Mas resolvi antes disso, defender o “acionamento” das falsas acusações que recaem sobre ele.
No artigo anterior, lembramos inicialmente, que o processo do disparo segue a “lei da corrente”. Vamos então falar do grupo de atiradores que transferem para o elo “acionamento” toda a fragilidade da sua corrente.
Fazem parte de uma tribo que é categórica: a culpa dos tiros fora do centro sempre é do acionamento. Parece até o mordomo do tiro esportivo. É como se ele tivesse vida própria, com autonomia para fazer e acontecer. São excelentes atiradores em treino, porém nas competições são traídos pelo tal do acionamento.
O que ele (o ser desta tribo) esquece, é que o movimento de flexão do dedo indicador, vulgarmente chamado de “acionamento”, é uma ação motora executada por ele, e de sua exclusiva responsabilidade.
Parando para analisar a ação em si, ficamos espantados com a sua simplicidade. Ela chega a ser ridícula quando comparada com tantas outras ações que realizamos no nosso dia a dia, e mais ainda, quando comparada com ações motoras complexas praticadas em outros esportes.
Cá entre nós, executar com o dedo indicador uma força de “x” gramas, pressionando a tecla do gatilho de forma ininterrupta, no eixo correto, flexionando o dedo de forma independente do resto do corpo, não é realmente fácil? Sem dúvida é muito fácil. Então porque eles (não você) culpam o acionamento?
O fato é que, ao “perceber” qualquer erro no decorrer do processo de disparo, a providência imediata do cérebro (agora sim: o meu, o seu ou do ser daquela tribo) é interromper o acionamento, ou seja, parar (estancar) ação de flexão do dedo indicador.
A palavra “perceber”, na frase anterior, foi propositadamente destacada entre aspas, para ressaltar o “perceber” como a origem do problema. Na realidade, o erro não está no acionamento, e sim em tentarmos reassumir (retomar) uma ação interrompida pelo cérebro.
Vamos então concentrar nossa análise no “perceber”.
O atirador que inicia corretamente seu aprendizado treina os fundamentos posição, empunhadura e acionamento de forma independente, passando em seguida para o treinamento da visada e acompanhamento, chegando ao estágio de treinamento do processo completo, com todos os fundamentos corretamente aprendidos e fixados como hábitos puros. Só assim, alcançará o ápice do seu desenvolvimento técnico, executando o disparo ou a série, como uma habilidade motora única e autônoma.
Infelizmente, poucos são os que começam certo. A maioria, desde o início, treina atirando e, por conseguinte, compete treinando. Ou seja, durante o treino tenta fazer o dez e durante a competição tenta executar com perfeição cada fundamento. O que tem alguma habilidade se destaca e, dependendo da “terra de cego” em que vive, pode até chegar à seleção nacional.
Temos ainda o que começa certo, porém, com o passar do tempo relaxa no treinamento dos fundamentos, muitas vezes por entender que já está bom o suficiente e que treinar fundamento é coisa de iniciante. Converge para a mesma vala comum: passa a treinar tentando fazer o dez e a competir tentando fazer cada fundamento com a perfeição, só que agora, divina. Afinal de contas, ele já é um Deus.
Temos também aquele que por diversos motivos, cria uma expectativa de resultado acima de suas possibilidades e tenta nos treinos, fazer um número ainda maior de dez, e nas competições, fazer com mais perfeição cada fundamento.
Não podemos deixar de fora aquele que por não ter a correta empunhadura física, torce levemente o pulso ou emprega forças extras na empunhadura para manter a figura alça/massa alinhada. Por serem fatores estranhos ao processo normal, tanto os movimentos de correção, quanto as forças extras geram o mesmo tipo de problema que os casos acima.
E finalmente, temos aquele atirador que, na competição, quer parar a arma, buscando a utópica figura de visada com o a alça+massa+alvo, perfeitamente alinhados. Ou faz força para contrapor o arco de movimento natural e parar a arma, ou aguarda o tal momento mágico acontecer. Em ambos os casos, produz erros de processo.
São tipos aparentemente diferentes, porém, todos eles têm um ponto em comum: na hora da execução do processo, pensam, “percebem”. Percebem tudo que deveriam perceber no treino, criticando na hora errada cada fundamento, cada segmento do processo.
Essa crítica inoportuna gera um “processamento consciente” das ações que deveriam estar ocorrendo de forma autônoma, impedindo assim a fluidez do processo. Esse processamento fora de hora tem como conseqüência, o retardamento ou a interrupção da flexão do dedo indicador (ou ambos). Em qualquer dos casos, o tempo do processo ultrapassa o tempo ideal de disparo determinado principalmente pelo nível de dióxido de carbono (CO2) no organismo, prejudicando de imediato as funções controladas pelo SNC.
Para não perder a viagem, nosso “campeão” assume o comando das ações, retoma o acionamento, ativando a flexão do dedo indicador interrompida pelo cérebro, tendo como resultado final da lambança um inevitável tiro fora do centro.
Portanto, antes de culpar o coitado do “acionamento”, mude de tribo e assuma a sua responsabilidade pelos impactos fora do centro.
Esvazie a sua xícara. Treine os fundamentos. Não fique feliz por ter um olho e ser rei em terra de cego. Mire o recorde mundial da sua modalidade e o tenha como seu objetivo maior. Saia da mesmice, abandonando de vez a tribo dos que nunca erram e são sempre vítimas do tal “acionamento”. Migre para a Terra dos Campeões.
No artigo anterior, lembramos inicialmente, que o processo do disparo segue a “lei da corrente”. Vamos então falar do grupo de atiradores que transferem para o elo “acionamento” toda a fragilidade da sua corrente.
Fazem parte de uma tribo que é categórica: a culpa dos tiros fora do centro sempre é do acionamento. Parece até o mordomo do tiro esportivo. É como se ele tivesse vida própria, com autonomia para fazer e acontecer. São excelentes atiradores em treino, porém nas competições são traídos pelo tal do acionamento.
O que ele (o ser desta tribo) esquece, é que o movimento de flexão do dedo indicador, vulgarmente chamado de “acionamento”, é uma ação motora executada por ele, e de sua exclusiva responsabilidade.
Parando para analisar a ação em si, ficamos espantados com a sua simplicidade. Ela chega a ser ridícula quando comparada com tantas outras ações que realizamos no nosso dia a dia, e mais ainda, quando comparada com ações motoras complexas praticadas em outros esportes.
Cá entre nós, executar com o dedo indicador uma força de “x” gramas, pressionando a tecla do gatilho de forma ininterrupta, no eixo correto, flexionando o dedo de forma independente do resto do corpo, não é realmente fácil? Sem dúvida é muito fácil. Então porque eles (não você) culpam o acionamento?
O fato é que, ao “perceber” qualquer erro no decorrer do processo de disparo, a providência imediata do cérebro (agora sim: o meu, o seu ou do ser daquela tribo) é interromper o acionamento, ou seja, parar (estancar) ação de flexão do dedo indicador.
A palavra “perceber”, na frase anterior, foi propositadamente destacada entre aspas, para ressaltar o “perceber” como a origem do problema. Na realidade, o erro não está no acionamento, e sim em tentarmos reassumir (retomar) uma ação interrompida pelo cérebro.
Vamos então concentrar nossa análise no “perceber”.
O atirador que inicia corretamente seu aprendizado treina os fundamentos posição, empunhadura e acionamento de forma independente, passando em seguida para o treinamento da visada e acompanhamento, chegando ao estágio de treinamento do processo completo, com todos os fundamentos corretamente aprendidos e fixados como hábitos puros. Só assim, alcançará o ápice do seu desenvolvimento técnico, executando o disparo ou a série, como uma habilidade motora única e autônoma.
Infelizmente, poucos são os que começam certo. A maioria, desde o início, treina atirando e, por conseguinte, compete treinando. Ou seja, durante o treino tenta fazer o dez e durante a competição tenta executar com perfeição cada fundamento. O que tem alguma habilidade se destaca e, dependendo da “terra de cego” em que vive, pode até chegar à seleção nacional.
Temos ainda o que começa certo, porém, com o passar do tempo relaxa no treinamento dos fundamentos, muitas vezes por entender que já está bom o suficiente e que treinar fundamento é coisa de iniciante. Converge para a mesma vala comum: passa a treinar tentando fazer o dez e a competir tentando fazer cada fundamento com a perfeição, só que agora, divina. Afinal de contas, ele já é um Deus.
Temos também aquele que por diversos motivos, cria uma expectativa de resultado acima de suas possibilidades e tenta nos treinos, fazer um número ainda maior de dez, e nas competições, fazer com mais perfeição cada fundamento.
Não podemos deixar de fora aquele que por não ter a correta empunhadura física, torce levemente o pulso ou emprega forças extras na empunhadura para manter a figura alça/massa alinhada. Por serem fatores estranhos ao processo normal, tanto os movimentos de correção, quanto as forças extras geram o mesmo tipo de problema que os casos acima.
E finalmente, temos aquele atirador que, na competição, quer parar a arma, buscando a utópica figura de visada com o a alça+massa+alvo, perfeitamente alinhados. Ou faz força para contrapor o arco de movimento natural e parar a arma, ou aguarda o tal momento mágico acontecer. Em ambos os casos, produz erros de processo.
São tipos aparentemente diferentes, porém, todos eles têm um ponto em comum: na hora da execução do processo, pensam, “percebem”. Percebem tudo que deveriam perceber no treino, criticando na hora errada cada fundamento, cada segmento do processo.
Essa crítica inoportuna gera um “processamento consciente” das ações que deveriam estar ocorrendo de forma autônoma, impedindo assim a fluidez do processo. Esse processamento fora de hora tem como conseqüência, o retardamento ou a interrupção da flexão do dedo indicador (ou ambos). Em qualquer dos casos, o tempo do processo ultrapassa o tempo ideal de disparo determinado principalmente pelo nível de dióxido de carbono (CO2) no organismo, prejudicando de imediato as funções controladas pelo SNC.
Para não perder a viagem, nosso “campeão” assume o comando das ações, retoma o acionamento, ativando a flexão do dedo indicador interrompida pelo cérebro, tendo como resultado final da lambança um inevitável tiro fora do centro.
Portanto, antes de culpar o coitado do “acionamento”, mude de tribo e assuma a sua responsabilidade pelos impactos fora do centro.
Esvazie a sua xícara. Treine os fundamentos. Não fique feliz por ter um olho e ser rei em terra de cego. Mire o recorde mundial da sua modalidade e o tenha como seu objetivo maior. Saia da mesmice, abandonando de vez a tribo dos que nunca erram e são sempre vítimas do tal “acionamento”. Migre para a Terra dos Campeões.
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